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quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Ocioso Perdão Silencioso



Não me permito
O abalo
Por querelas
Que fogem ao meu controle

Tudo foi feito
Para apaziguar
A aceitação das desculpas
Parte de quem as recebe
E não de quem as pede
Repetidas vezes

O perdão silencioso
Tem poucos méritos
Porque só eu sei
Que perdoei
Mas continuo querendo
Que o outro
Sofra as consequências
Do meu orgulho ferido

Será que a ofensa
É tão grave assim
Para que eu me magoe
Por tanto tempo?

Água que corre
Vida que passa
E renasce
Não me permito mais
Chorar o leite derramado
E sim recompor o copo
Esvaziado por este desperdício

Fernando Luiz

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Fases do amor (com prazo de validade)


O frescor
Matinal
O aparecimento
Afinal

O amor
Ocupa
A existência
Sem culpa

O torpor
Da incerteza
Expurgando
A clareza

O bolor
Infesta
A essência
Do que resta

O ardor
Impulsivo
Desespero
Compulsivo

O furor
Inicial
A revolta
Original

O pudor
Perdido
A palavra
Sem sentido

O ardor
Da ferida
A picada
Inserida

O decompor
A falta d´água (vida)
Cada qual
Com sua mágoa

O torpor
Que silencia
A palavra
Que amacia(ria)
  
Indolor (es)
Insensível (eis)
Esconde(m) o amor
Hoje, invisível

Fernando Luiz

terça-feira, 26 de junho de 2012

Hiato


O conjunto a que você pertence
Não permitiu a minha inclusão
Tudo conspira contra
A união psicológica
Que irrefreavelmente
Fomos obrigados a consumar

A homogênea sintonia
Tornou-se patente
Desde os primeiros segundos
Mas todos os fatores
São adversários
Daquilo que temos de mais belo
E mais raro:
A complementaridade

E ao invés de te procurar
Para desaguar em você
Todas as minhas angústias
Todos os meus votos de felicidade
Toda a confirmação
De que te quero bem
Prefiro a mudez
Pratico a mentalização
Das lembranças
Tão vivas
Que ainda pulsam
Dentro de mim

Será sempre assim
Desejando a você o melhor
Que a eternidade
Possa te oferecer

E continuarei assim
Preterindo a presença indesejável
E preferindo o silêncio eloquente
Próprio de quem tem a ciência
Que a imposição de um hiato
É algo simplesmente temporário

Fernando Luiz

sábado, 2 de junho de 2012

Medo


Tenho medo
Do que desconheço
Seja alguém
Seja algo
Seja um resultado
O desconhecido
Me gera angústia

Tenho receio
De arriscar
E ver a mudança
Ser algo pior
Do que o status quo

Porém, mesmo que eu lute
Meu corpo
Não é o mesmo de ontem
Minha alma
Tampouco
Mudança é regra
Não exceção

Hoje 
Sou outro
E amanhã
Não mais o mesmo
E depois de amanhã
Mais ímpar ainda

Questiono a mim mesmo
Porque tanto medo
De mudar
Se a mudança
É inevitável?

E chego a seguinte conclusão
A mudança é bem vinda
O emudecer é a tragédia
Omissão da vida
Depressão do corpo
Calvário da alma
Acomodada
Com uma existência medíocre

Sem espaço para o medo
Mudar eu quero
Mudar eu desejo
Mudar eu exijo
E devo cobrar tudo isso
A mim mesmo

Fernando Luiz

sábado, 19 de maio de 2012

A Cadeira Vazia


Eis que um dia
Após tediosos trajetos
Marcante espiritualidade
Assenta-se perto
De mim

Alguns pares de horas
Transcorridas sem pressa
Simbiose de vida
Compartilhada espontaneamente

O tempo que voou
Não voltará atrás
E a cadeira mesmo que ocupada
A partir de hoje, ao meu lado
Estará vazia

Pois, como água de rio
Que jamais volta a mesma posição
Quem quer que ocupe
O mesmo lugar
Não terá a mesma complexidade
A mesma naturalidade
A mesma alegria de viver

Mas, a cadeira, apesar de vazia
Sempre irá me fazer lembrar
Das sensações despertadas em mim
Do meu renascimento
Como é bom sentir-se vivo
Outra vez!

A cadeira vazia
Sempre irá me lembrar
Do principal ensinamento
De todos
Sem Deus no coração
Não realizamos nada
Pois a nossa essência
Está perdida
Sem a Divindade
Mola mestra
De todo o nosso existir

A cadeira, apesar de vazia
Me preencherá o espírito
Me trará um sorriso ao rosto
Me faz e fará ver
Que a vida
Acontece
Através das surpresas
Do inesperado
Daquilo que te impressiona
Sem aviso
Simplesmente surgindo
Como um presente de Deus

Fernando Luiz

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Rotulagem


Somos feios
Somos bonitos
Somos sábios
Somos ignorantes
Somos isso
Somos aquilo

Na mente das pessoas
Não existe meio termo
Quando fazem adjetivações
A terceiros

Em suma,
Somos rotulados

Não existe qualquer pessoa
Integralmente calma
Inteiramente estressada
Completamente competente
O tempo todo maledicente

O ser humano
Limitado
Prefere compactar as informações
É bem mais fácil julgar o outro
Pelo estereótipo
Pela análise simplista
Esquecendo-se quase sempre que
Cada individualidade
É naturalmente
E indiscutivelmente
Plural

Fernando Luiz

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Ilha do Mar


Desde sempre em mim
O mar desperta o melhor
Me banhando a alma
Vitalizando-me a essência

É uma quimera morar
Dentro do grandioso mar
Onde ao mergulhar em suas profundezas
Acabe por achar uma Ilha (A Ilha)

Mar que cumpre ciclos
Envia ondas que sofrem periodização
Algumas destas ondas trazem alíquotas de água
Que banharam por instantes a superfície da Ilha
E são nestes momentos
Breves, porém intensos
Que meu coração palpita com vigor
Por sentir toda a paz
Emanada pela sua existência

No retorno da onda ao mar
Abandonando-me
Preencho-me de saudade
Com esperança de um dia segui-la
Para finalmente encontrar
A longínqua Ilha

Ilha bela, porém solitária
Onde já passaram alguns
Incautos navegantes
Que a Ilha recebeu
Com todo amor que poderia
Mas o desespero comandava
O coração destes homens perdidos
Buscavam apenas a salvação
De um iminente naufrágio
Estes homens já naufragavam
Em suas próprias pálidas essências
Antes de encontrarem a Ilha
E continuam o processo 
Mesmo sob seu abrigo
Por nunca entender
O significado da existência
Do encontro entre eles 
E o pequeno pedacinho de terra
Cercado de água (vida)
Por todos os lados

Ao contrário destes insensíveis homens
Eu procuro a Ilha por amá-la
Porque sei que ela é a moradia perfeita
E não apenas um ponto de apoio
De suporte para as minhas egoístas necessidades
Ao habitar o coração da Ilha
Minha obrigação maior:
O comprometimento com a sua existência
Cuidando amorosamente de todos os seus problemas
Envolvido com o intenso amor irradiado por ela
Igualmente me acolhendo e cuidando

Linda Ilha
Sei que um mar nos separa
Mas ao sentar a beira dele
Projeto o nosso encontro
Com uma calma inexplicável sob a luz
Da razão humana
Esperando o momento com paciência
Pois o amor não traz inquietação
E sim paz de espírito
Preenchido por essa paz
Tenho a certeza que um dia
Este mesmo líquido que nos separa
Haverá de, um dia, nos unir
Por nossa comunhão de ideais
Semelhanças existenciais
Que inexoravelmente irão nos aproximar
Pela força das ondas do Mar.

Fernando Luiz

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O silêncio

O grito abafado
De inconformidade
Em primeira instância
Denuncia a interna angústia

Com o passar do tempo
Cansado de gritar - em silêncio -
Minha garganta fraqueja
Sem forças para relutar

A inquietude inicial transforma-se 
Numa aceitação de que não se pode
Comandar a consciência das pessoas
E demovê-las de seus pueris melindres

E mesmo no ardor maior
Mantive a ebulição controlada
Acatando com decência e sem escândalo,
Suportando (em silêncio) a perda que me foi imposta

Fernando Luiz

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Melindre

Copo frágil
Que se quebra
Ao menor ruído
Ou abalo

Assim são
As relações
Que se desgastam
Por motivos pueris

Creia nisso
A solução não é
Evitar pisar em ovos

Não hesite
Compre copos mais resistentes
Selecione relações de melhor valor

Fernando Luiz