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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O Aniversário

Levanto da cama uma vez mais
É uma quarta-feira, ápice da semana
Estresse acumulativo de labores
Preocupações amontoadas que colocam esta data em segundo plano

Ao me aprontar para o trabalho, penso comigo mesmo:
"Hoje faço aniversário de 30 anos
Quanto tempo experimentei nesta existência terrena!
Porém, hoje parece um dia como todos os outros"

A robotização das condutas é preocupante
Uma data que ano após ano, por mim era reverenciada
Curiosamente, hoje, não me contaminei pelo espírito de renovação
Pois o dia parece-me sem encanto, sem brilho, normal

Quase ao sair de casa, surge a esposa radiante
Seu sorriso contamina todo o lar
O beijo terno e carinhoso me surpreende
Deixando claro que, para ela, este não é um dia comum

Chego ao colégio, para minhas aulas lecionar
Ainda crente que a celebração não passaria da porta de casa
Grande é minha surpresa, ao avistar tantos olhos inquietos
São meus incontáveis alunos, com sorrisos e abraços calorosos

Meus familiares insistem em me ligar
"Mas porque tanta insistência? Sabem que estou trabalhando!"
Quando finalmente atendo, vozes estridentes
Cada familiar, com a voz embargada, parece mais feliz que eu mesmo

Então, finalmente, me cai a ficha
De que a vida é como um mar
E por vezes somos as ondas revoltas
Que tentam do oceano fugir

Mas o mar, assim como a vida
Com seu intenso magnetismo, nos força o retorno
Se somos ondas, o mar nos traga de volta ao seu conteúdo total
Se somos robôs, a afetividade traz a vida de volta à tona

Os olhos são as janelas da alma
Precisei entrar pela janela dos outros
Para entender e relembrar o real sentido do aniversário
A celebração da vida concedida por Deus

Fernando Luiz

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Sonetos de amor

Soneto essencial

A matéria aprisiona, pois tem limites
A essência é como uma gás, se expande
O sentimento cultivado em nós é, então, essencial
Pois é notória a sua exponencial expansão

O meu espírito e o teu espírito (nossas essências)
Não ficarão jamais segregados
Mesmo que a geografia nos impeça
Nossa química é uma reação que já deu certo

E o que impressiona mais
É que basta eu saber da tua existência
Para que a minha essência se expanda e se eleve

E se a ascensão mútua de essências
Não constitui aquilo que chamamos de amor
Serei incapaz de definir e entender este sentimento

Soneto inicial

Existe uma descrição bíblica do início dos tempos
Porém, é difícil diferenciar alegoria da realidade
Assim como talvez seja impossível precisar quando ocorreu
O primeiro batimento descompassado do meu comboio de cordas por ti

Conhecer tua individualidade foi avistar o Éden
Partilhar momentos contigo foi padecer no Paraíso
Passear pelo teu corpo foi o meu pecado
Mas, ao contrário de Adão e Eva, não me censuro pela culpa

A culpa é associada ao erro
Paixão apenas carnal, realmente é equívoco
Já que não permite uma espiritual reciclagem

Não posso sentir culpa em te amar
Pois o surgimento desta força em mim
Representa a gênese da minha existência

Fernando Luiz