Minhas entranhas se corroem
Meu asco e minha ânsia de vômito se exacerbam
Quando constato que a sociedade se auto-sabota
Pelos procedimentos individuais de cada homem mesquinho
Erva daninha que cresce
Impedindo o crescimento de plantas que deixariam o jardim verdejante
Jardim pleno de vida que seria (sim, o mundo tem potencial para ser belo)
Morre sufocado pela ação nefasta dos caráteres duvidosos
Interminável ciclo vicioso
Doloso individual e coletivamente
Criação que passa de pai para filho
Em sequência irrefreável e crescente de erros
Uma sociedade permissiva
Onde pais despreparados calam a boca de seus filhos através de presentes materiais
Temem contrariá-los com sermões que os tornariam homens
Preferem o sossego momentâneo oferecendo-lhes mimos
E estas crianças crescem obtendo tudo o que desejam
Tudo querem e tudo podem dentro do ambiente familiar
Nada mais natural acharem o mundo uma extensão da sua casa
E lá também acham que poderão pintar e bordar
Crescem exercendo a arte da manipulação
Da bajulação, do interesse dissimulado
E de uma pequena falha de caráter
Criou-se um ser humano dotado de nenhum caráter
Aos 5 anos, uma criança mimada que chora ao não ganhar presente
Berrando, chamando a atenção de todos
O pai despreparado para evitar o escândalo
Compra-lhe o presente que lhe calará a boca (por alguns instantes)
Aos 15 anos, um adolescente cheio de direitos
Dentro de casa é um verdadeiro rei
Os pais são marionetes em sua mão
Pois ao invés de educar seu filhos, eles que foram "educados" (melhor seria dizer adestrados)
Na escola, o adolescente torna-se popular e bem quisto
Mostrando sempre um sorriso fácil e amistoso
Esse é o esconderijo de sua superficialidade de espírito
Pois mostrará todo o seu potencial ferino à mínima contrariedade
Não há escola ou professor que "tenha o direito" de chamar-lhe a atenção
Pois ele se sente ofendido por estar sendo educado
Os pais se revoltam com o "constrangimento" do "filhinho"
E o caráter deste indvíduo progressivamente entra em xeque
Situação irônica e contraditória
Oficialmente, o boleto bancário é pago
Estando embutida no preço a educação
Mas, na prática, educar DE VERDADE significa constrangimento
Escola e professores sucumbem perante o maquiavelismo do "estudante"
Que vai progressivamente engolindo tudo e a todos
Expande suas manipulações do lar ao mundo
Tornando-se cada vez mais habilidoso em persuadir e enganar
Aos 25 anos, homem feito
Desenvolvido mentalmente e fisicamente
Porém, este desenvolvimento ocorre de maneira inversamente proporcional
Ao do seu caráter
Dois caminhos naturais seguem para este ser humano despreparado
Se preguiçoso, tornar-se-á um pai tão omisso quanto o seu foi
Por não ter recebido a educação correta, cederá aos choros do filho mimado
Que crescerá, tornando-se a imagem e semelhança do genitor (mitose de caráteres falidos)
O outro caminho é o desenvolvimento da astúcia
Habilidoso em manipular pais, escola e professores
Vai sempre galgando degraus maiores
Se lançando ao mundo da política
E como sempre foi um indivíduo estrategista
Usando a chantagem, a maquiagem e o oportunismo
Disfarçará através dos mesmos sorrisos fáceis (e aprimorados) um interesse pelo povo
Quando o seu único e exclusivo interesse é a satisfação de seus desejos pessoais momentâneos
Por isso, posso ser considerado pessimista
Mas não vejo chances da sociedade mudar a curto prazo
Pois cada vez mais, pais despreparados são lançados no "mercado"
Semeando em seus filhos a semente da incompetência
E nesta cadeia alimentar, nesta magnificação trófica
Ser humano engolindo ser humano
Um canibalismo que existe pelo fato dos homens não saberem se "alimentar" da maneira correta
Aos invés de se alimentar pela essência do conhecimento, "alimentam-se" uns dos outros
Construa a sua essência
Não precise derrubar ninguém para ser vencedor
Sua ascensão é sólida se for edificada pelo seu talento
Construir escadas de crânios não é aporte seguro
Pois esta escada é falha e você caírá
E se você não cair, seu filho cairá
E quanto mais crânios são colocados nos degraus
Uma hora ou outra esse degrau vai deslizar
E alguém vai cair
Na mitose, uma célula forma duas
Duas formam quatro
Crescem em progressão exponencial
E quanto mais pessoas sobem nessa escada falha de crânios
Mais pessoas cairão quando ela desabar
Tomemos cuidado para que quando esta escada cair
Não seja a humanidade inteira que entre em colapso
Em completa queda livre
Para que isto não aconteça, eduquemos nossos filhos
Eu, com este enorme texto, estou fazendo minha parte
Como um pequeno passarinho que leva algumas gotas d´água
Para apagar grandioso incêndio que se alastra por toda uma floresta
Pode ser um trabalho inócuo, se eu estiver sozinho
Mas com este texto, se eu estimular alguém
Este alguém influenciará outro alguém
1 contagia 2
2 contagiam 4
E a progressão exponencial cresce ao nosso favor
Cresçamos pois
E sonhemos muito
Para por nossos ideais em prática
Salvando nosso planeta da involução
Fernando Luiz
Um exercício plural da manifestação do "Eu Lírico" (Representação de Múltiplos Personagens Através da Poesia)
segunda-feira, 28 de março de 2011
quarta-feira, 16 de março de 2011
Soneto Analítico-Geométrico
Querer e não poder
É o pior dos suplícios
A assíntota traz a expectativa da aproximação
Frustrada pela impossibilidade do toque
O fogo que explode por dentro
Representa faces de uma mesma moeda
Pois consiste em chama que alimenta pelo calor
Porém, queima a essência pelo martírio do intangível
Sorte é que um espírito eu tenho
E ele é etéreo
E vai a qualquer lugar
Então, adentro em meus sonhos
Me perco em devaneios
Fantasiando um mundo onde minha alma pode concorrer com a tua (nos tocando enfim)
Fernando Luiz
É o pior dos suplícios
A assíntota traz a expectativa da aproximação
Frustrada pela impossibilidade do toque
O fogo que explode por dentro
Representa faces de uma mesma moeda
Pois consiste em chama que alimenta pelo calor
Porém, queima a essência pelo martírio do intangível
Sorte é que um espírito eu tenho
E ele é etéreo
E vai a qualquer lugar
Então, adentro em meus sonhos
Me perco em devaneios
Fantasiando um mundo onde minha alma pode concorrer com a tua (nos tocando enfim)
Fernando Luiz
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